Muitas famílias convivem com idosos que apresentam algum tipo de demência. Nesta quinta-feira (01), o Gazeta Online convidou dois especialistas para falar sobre o tema. O psicólogo Gustavo Souza e o geriatra Gustavo Genelhu responderam dúvidas frequentes com relação a uma possível hereditariedade, os principais sinais e se há prevenção.

1 – O que é?

Demência é o termo genérico. Na Medicina é chamada de síndrome, que é um conjunto de sinais e sintomas. Não é uma doença específica, como é o Alzheimer. É uma síndrome clínica caracterizada basicamente pela perda da memória.

2 – Idade

A demência em si acomete mais o idoso. A partir dos 60 anos, as pessoas estão submetidas a um maior risco de desenvolver.

3 – Número

40% dos pacientes com demência desenvolvem depressão na fase inicial.

4 – É hereditário?

Se o pai ou a mãe tem demência, o filho é um pouco mais propenso, mas tem uma relação direta. A não ser nos casos de demência precoce, com menos de 60 anos. Aí sim existe uma relação genética direta.

5 – Principais sinais

Mudança do padrão de esquecimento é principal sintoma. O idoso que não esquecia e começa a esquecer ou que sempre foi esquecido, mas mudou o padrão de esquecimento. É importante não banalizar essa mudança no comportamento. Exemplo: o idoso que está dirigindo o carro, se esquece e começa a sofrer pequenos acidentes de trânsito.

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Perdas de preferência alimentar também são um sinal. O idoso gostava de um determinado alimento e passa a não querer comê-lo mais. São pequenas perdas.

Esquecer o nome de filhos e amigos é um sinal, mas não significa que a pessoa tem demência. Há uma gama de situações que podem comprometer a memória do idoso. Outro sinal é pessoa começar a se perder no bairro. Vai comprar pão e esquece onde é a padaria.

6 – Prevenção

Não existe uma forma eficaz de prevenir. O que se tem hoje de mais evidente é a atividade física. Estudos mostram que 15 minutos de caminhada todos os dias são suficientes para diminuir os riscos de desenvolver demências primárias. Associando a isso, ter um bom convívio social, dormir e comer bem são medidas preventivas. Fazer atividades prazerosas, se cercar de pessoas que você tem prazer de estar. E não precisa gastar muito. Pode ser conversar com um vizinho ao lado de casa que você tem amizade.

7 – Não confunda

Idosos não se tornam crianças novamente, portanto não devem ser infantilizados em seus relacionamentos.

8 – Paciência

Idosos não estão em fase de aprendizagem, ou seja, algo dito hoje não será necessariamente assimilado amanhã. Ele voltará a perguntar as mesmas coisas, cada vez mais e é preciso paciência, pois irritações causam desgastes emocionais que abalam a parte cognitiva do paciente.

9 – Peça ajuda

Quando um familiar ou cuidador estiver impaciente, o ideal é substituí-lo momentaneamente ou em determinada tarefa durante a qual o idoso apresenta resistência em executá-la. Por exemplo, alguns idosos não aceitam tomar banho ou comer com um determinado filho, mas o fazem bem com outro.

10 – Rotina

Idosos com demências se sentirão mais tranquilos se tiverem uma rotina de atividades. Por terem a noção de espaço e tempo prejudicada, ter uma agenda semanal com horários para acordar, tomar o café da manhã, realizar exercícios físicos, almoçar, ver televisão, passear, jantar e dormir ajudará a dar segurança.

11 – Não discuta

Fruto do quadro de demência, os idosos costumam se recusar a tomar banho, trocar a fralda, entre outras tarefas. Não bata de frente com ele. Dê um tempo e tente novamente, peça para outra pessoa assumir. Busque alternativas pacientemente para evitar desgastes.

12 – Horário de atenção

O fim da tarde provoca uma alteração hormonal que começa a preparar o corpo para o descanso. Nos quadros de demência, essa mudança muitas vezes causa medo, insegurança e agitação. Muitos buscam fechar as janelas de casa, por exemplo. Não discuta ou se irrite com ele. Deixe-o expor sua necessidade e depois, aos poucos, vá mostrando que está tudo tranquilo e que as janelas precisam ser reabertas.

Fonte: Gazeta Online